Ode à Liberdade


Pela liberdade, pela verdade, pelos jovens, pelo futuro,
Pelo stress, constante e pelo nervosismo de errar ou não conseguir,
Pelo descanso inexistente presente nos olhares de cada um,
Pela alegria, pela música, pela dança,
Pela beleza totalmente ignorada e desimportada!

Aqui, ao lado de mim mesmo
E às luzes das grandes e insignificantes lâmpadas,
Desejo ser livre,
Desejo ser completo,
Desejo ser eu mesmo,
Desejo poder exprimir-me com todo o meu mecanismo,
Atirar todo o meu nervosismo pela janela
Para que possa voar com as aves e ser feliz!

E dói-me a cabeça só de pensar com um excesso…

Temos raiva dentro de nós!
Vagueamos por este dispositivo sem fim
À procura de um refúgio inexistente
Que nos permita ter a tanta desejada liberdade.
Queremos liberdade, liberdade, liberdade!
Ó folhas, ó lápis, ó marcadores, ó canetas,
Ó borrachas, ó afias, ó corretores,
Deixem-nos descansar!

Grrrr-r-r-r-r, onde está a liberdade e o descanso?

Procuro em mim algo que me desperte
Para esta aventura arruinada por deliberação e trabalhos!
Algo importante,
Algo útil,
Algo produtivo,
Algum maquinismo que entre pela minh’alma dentro!

Mas quanto mais procuro,
Mais dificuldades tenho de o encontrar
A única conclusão é a própria conclusão!

Como eu amo conhecer e ser conhecido!
Como eu amo todas as maneiras de o ser!


O que querem eles saber da beleza?
Beleza para eles é padrão, grrr-r-r-r.
Ignoram a verdadeira beleza que me encanta o coração,
O puro talento que se encontra esporadicamente dentro de nós.
Essa gente comum e banal
Que parece que não conhece a evolução,
Cujo conhecimento ultrapassa os próprios valores.
Essa gente que não sabe o que é a arte,
Que não sabe o que é viver!

Que importa tudo isto?
Para que queirais que eu fique sentado a pensar?
Deixem-me pensar livremente!
Porque sois assim banais e fúteis?
O que está dentro da vossa cabeça?
Aaaaah como desejo essa liberdade!
E se achais que sou louco,
Então deixai-me ser!
Comprovem a vossa mediocridade.

Evolução, liberdade, descanso, paz,
Adicionem estas palavras ao vosso tão famoso e usado dicionário.

Preciso de um café…
Algo que me deixe acordado e a pensar.
Algo que me faça limpar o suor com o braço.
Algo que me deixe nervoso!
Ai! Que ciclo vicioso!
Alguém nos ajude!

Porque estragaste o que deseja ser conhecido?
E mais uma vez a fúria dentro de mim se despeita!
Quero dizer adeus a tudo isto!
Quero dizer adeus às folhas que nos arruínam e nos fazem falhar,
Às folhas que se afastam do progresso e da inovação!

Queremos a verdadeira beleza que nos inspira e nos impressiona!
Brrrr-r-r-r, tenho frio!
Tenho frio e penso,
Tenho frio e escrevo,
Tenho frio e não durmo!
A noite está farta de mim e eu farto dela!
“Maravilhosa gente humana que vive como cães” disse ele,
Disse ele e muito bem!
Acordem para a vida páh!

Clique para aqui, clique para ali.
Clique e mais clique…
Clique, clique, clique, clique.
Instrumentos que não me deixam dormir.
Clique doentio e repetitivo,
Pára, por favor!
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

Nem sei porque existo!
Nem sei se existo!
Nem sei se quero exisitir!
Porque se eu existo para isto,
Mais vale nem existir!

Z-z-z-z-z-z!
Glub! Glub! Glub! Hum, hum!

Ó tu que não nos deixas descansar,
Abre as portas da mente,
Deixa a vida passar!




António Chicote