E depois deixar de achar
Que o que me fugiu
A voar
Foi o ar de outro lugar.
Nunca fui de nenhum dos sítios
Onde me puseram.
Depois vieram e disseram
Que eu não podia escolher.
Posso já dizer que nada tenho a temer.
A não ser…
Ter que ficar para sempre aqui.
Sempre neste só deserto
Onde está sempre tudo certo:
Sempre tudo incompleto.
Sempre sempre sempre
Assim.
Não consigo pôr um fim
Ao que me faz sufocar.
Respirar é estar.
Quero fazer tempo
Para te fazer esperar.
Nada nunca importa tanto
Como as lágrimas da lua.
Se esta sentença é a tua
E eu nem consigo escolher
Como viver
Vou transformar-me em pó
E desaparecer.
Carla Gonçalves, Nº 8 - 12ºB