A minha dor


Os meus pés pequenos e gelados caminham
Caminham em direcção àquela sala,
Sala onde não sou mais eu
Sala onde sou o que o outro fala.

Tanto esforço,
Tanta dor em vão
Tantas lágrimas derramadas
Em demasia lutei para ser quem sou.

Dói,
Fere que eles me tentem descrever
Sou alta, sou baixa, sou gorda, sou magra
Sou simpática, sou arrogante, sou reservada, sou dada.

Não conseguem ver por dentro
Somente podem imaginar
Para eles só o exterior importa,
O interior devemos ignorar.

Olhar transparente, olhar pensador
Olhem melhor
Olhem para mim,
Compreendam a minha dor.



Luís Torga