A máscara da popularidade

Qualquer que fosse o recinto escolar,
Por despercebida não passava.
Sempre com aquela vivacidade contagiosa,
Rapariga jovial e convicta.
Capaz de dominar os mais amargos corações,
Com todos era admirada e cobiçada.

Tão popular, tão estimada,
mas tudo nela tão fingido.
Uma beleza ilusória, avassaladora,
dominada pelo estigma da falsidade.
Um rubi entre cúmulos de granito
que virou carvão, tão escuro.
Uma flor que murchou, um fogo que apagou.
Ardente à primeira vista,
obscura depois de decifrada.

A realidade oculta, quase inatingível
a cegueira permitiu-me observar.
Uma carácter fútil e ocioso
sob um encanto estranhamente poderoso.

De que serve tal reputação
Se a superficialidade predomina?
Tão debilitada de espírito,
uma identidade indefinida.
Confortável entre multidões,
mas tão perdida na vida.

Não é capaz de valorizar
aquilo que é deveras relevante.
Tal fama é o que a preocupa,
mais nada é importante.
Não é a beleza que a vai redimir,
se o seu futuro não consegue definir.

Coração aberto, mente fechada.
Ficará na memória pelo seu charme,
não na história pelo seu conhecimento.
Nada projecta, nada realizará.
Não pensa naquilo que virá,
apenas no que ocorre no momento.

Bela máscara, rapariga.


Beatriz Albuquerque
12º D